“Favelado Milionário”

JamalEu comentei há alguns posts que ando numa fase devoradora voraz de filmes e livros, e, a fim de compartilhar alguns dos meus livros favoritos, criei até uma sessão aqui no blog dedicada a eles (Beta Indica…), que ainda está “em construção”, mas já dá para tirar proveito de alguma coisa por lá…

No entanto, pouco falei até agora dos filmes que tenho assistido, e não são poucos, tanto que a moça que vende os ingressos no cinema mais próximo já está virando minha amiga da infância, a moça da padaria aqui da esquina também, e ainda tem a senhorinha do restaurante da rua aqui de trás. Só não rolou ainda muita afinidade com as recepcionistas da academia, nem com os professores, nem imagino o motivo, mas…

Bom, pensando bem, acho que não tenho comentado nem indicado nenhum filme aqui porque tudo que eu tenho visto me parece tão igual, tão pouco inovador e inspirador, que sempre saio do cinema pensando: “é… mais uma comédia romântica legalzinha; mais um filme de ação parecido com todos os outros; mais um filminho água-com-açúcar…”. Talvez eu esteja escolhendo os filmes errados para assistir, ou talvez o mercado cinematográfico esteja mesmo saturado, ou as duas coisas. Mas, em meio a tanto “lugar comum”, somos brindados com o filme Quem quer ser um milionário? , que finalmente conseguiu saciar a minha fome de filme bom…

O título do filme não me chamou muita atenção, na verdade, não chamou nenhuma. “Quem quer ser um milionário?”, na verdade, foi a tradução do título para português, que se fosse traduzido ao pé da letra seria “Favelado Milionário”, mas aí, já sabe, né? Entraria Diretos Humanos na jogada, e o filme, provavelmente, não bateria recordes de bilheteria…

Resumindo muito, trata-se da história de um jovem indiano muçulmano chamado Jamal, que participa de um programa de perguntas e respostas com 10 milhões de rúpias em jogo (similar ao nosso antigo “Show do Milhão“). Cada pergunta  remete o jovem ao seu passado de lembranças dolorosas, retratadas de maneira chocante, surpreendente e doce, com imagens que contrastam  lama, sujeira, lixo, e beleza, sinceridade, obstinação. Preciso dizer que fiquei a-pai-xo-na-da pela fotografia do filme?

Como a Índia está na moda, confesso que fiquei com o pé atrás com o filme, mas, felizmente, a Índia da moda é absurdamente diferente da que é mostrada no filme… não é a Índia dos rajás da novela global, não… é a Índia de verdade.

Então, amigos leitores, colegas curiosos e fuxiqueiros plantonistas, fica aqui a minha dica de um filme capaz de criar um paralelo com a realidade do nosso país, guardadas as devidas proporções – culturais, principalmente – é claro. Sem dúvidas, o melhor que vi esse ano, repleto de cenas ricas de poesia e aprendizado, que dificilmente sairão da minha memória. E, preparem-se, pois vai doer. Mas, não se preocupem: é aquele tipo de dor que faz a gente aumentar de tamanho – humanamente falando.

Para ver o trailer do filme, clique aqui.

Roberta Simoni