Esta é a vida real?

Eu confesso que já me fiz essa pergunta algumas vezes, especialmente nas vezes em que eu estive sob o efeito do álcool. Quando tudo ganha uma proporção maior que a real e as coisas parecem mais engraçadas, mais tristes e muito mais loucas. O mundo ao redor fica tridimensional, as pessoas andam com clones idênticos para todos os lados, e tudo se multiplica: seus dedos, seu dinheiro (para sua miséria), sua alegria e, em contrapartida, suas dores também.

Você ganha confiança, e perde a vergonha (é nesse momento que você começa a pagar mico), os seus movimentos ficam mais lentos,  mas a impressão que você tem é que estão mais acelerados (é nesse momento que você cambaleia, parecendo o “João Bobo). Alguns sentidos ficam mais apurados, outros bem menos, e o que estava divertido no começo, começa a ficar perturbador no final.

E, depois, sem mais se importar se você está na vida real ou não, ou porque está sentindo e vendo todas aquelas coisas diferentes e malucas, tudo que realmente te importa é saber quando aquilo vai passar, e se vai demorar muito para acabar, porque a terrível impressão é de que vai durar para sempre. Mas, no dia seguinte, você acorda, de volta ao mundo real. Ufa!

A má notícia é que no mundo real existe uma coisa chamada ressaca, e essa coisa te dá a impressão de que tem um elefante cruel-sadista-filho-da-mãe sentado sobre a sua cabeça, rindo da sua cara toda vez que você se lembra de alguma cena patética da noite passada ou – pior ainda – quando não consegue se lembrar de absolutamente nada. Então, você volta ao começo de tudo, e questiona – “Esta é a vida real?”. Depois promete que nunca mais vai beber na sua vida.

Quando eu vi esse vídeo, entendi perfeitamente como esse menino – sob o efeito de medicamento anestésico – se sentiu, e me acabei de rir. Mas, parei e pensei que essa deve ter sido a mesma reação de todos os meus amigos que já me viram bêbada alguma vez na vida tiveram também, e aí perdeu a graça.

Diversão boa mesmo é para quem assiste o bêbado de camarote, não para quem está bebendo.

Roberta Simoni

Rabiscos e Pinceladas

Voltei a desenhar. Não que eu tenha desenhado ou pintado com frequência algum dia. Não que eu tenha feito alguma coisa por muito tempo com frequência ou regularidade alguma vez na minha vida. Só faço de vez em quando até as coisas que acho que consigo fazer direito, e só quando dá muita, muita vontade. Mas se começa a complicar, se eu não consigo acertar, aí me irrita mais do que me dá prazer. Depois é só esperar a vontade passar, e não demora nada.

Com os meus lápis e pincéis nunca foi diferente. Tanto a minha mãe quanto o meu pai sempre me apoiaram. Foi do meu pai que eu herdei a veia artística, se é que eu posso considerar assim algo que eu raramente ponha em prática. Minha mãe comprava papéis especiais para eu fazer meus rabiscos e lápis de todos os modelos que fosse preciso, além das telas, tintas, paletas e pincéis, mas até hoje só pintei dois quadros e meio.

Levei meses para terminar o primeiro, nunca ficava como eu queria e, consequentemente, nunca ficava pronto, e quando ficou de um jeito que aceitei como razoável, coloquei numa moldura bonita e dei de presente para os meus avós. O que foi um erro fatal.

Há mais de 10 anos, toda vez que vou visitá-los dou de cara com aquele quadro feio que eles exibem com tanto orgulho na sala da casa deles. É, eles são corujas. São meus amores. Tenho certeza que se eu rabiscasse uma casa com duas nuvens, um sol no meio e uma flor do tamanho da casa, daquelas que toda criança faz – e eu fiz muito – e desse a eles, eles o exbiriam na parede de sua sala com o mesmo orgulho da netinha “artista”. Ai ai… minha vida teria muito menos cor, melodia e graça se eu não tivesse avós como os meus.

O segundo quadro que eu pintei também dei de presente. Acho que, no fundo, eu nunca achei nenhum deles bom o suficiente e seria tortura demais pendurá-los na minha parede, ter que olhá-los todos os dias e encontrar novas imperfeições.

Esse foi de presente para um antigo namorado, que era também um dos melhores, senão o melhor, amigo que tive naquela época. A parede dele deve ter suportado a minha “obra de arte” por aproximadamente quatro anos, o tempo que o nosso namoro durou. Depois ele  casou-se com uma moça bonita com fama de ciumenta doentia. Pobre ex-namorado, ao ver a minha assinatura no quadro, ela deve tê-lo quebrado na cabeça dele, no mínimo.

O meio quadro nunca ficou pronto, por isso é só metade. Mas, mesmo assim, está lá pendurado em uma das paredes da casa dos meus pais, inacabado e sem moldura. Assim como os pincéis velhos e endurecidos que eu nunca lavava depois de pintar, por mais que a minha mãe falasse no meu ouvido por semanas.

Eu nunca vou poder dizer que foi falta de estímulo ou de material. Talvez o problema todo seja o perfeccionismo. Artista não pode exigir perfeição de si mesmo, acho que a perfeição, muitas vezes, está na imperfeição dos seus traços.

Não sirvo para isso, não, e já descobri isso faz tempo. Gosto mesmo é de ser “arteira”, como a minha mãe falava toda vez que via algum desenho meu – “Essa é a minha arteirinha!”

Para relembrar uma infância deliciosa, acompanhada de cores e desenhos, nada melhor do que a música Aquerela, do Toquinho.

Roberta Simoni

Valentine’s Day

Livro Coração

Para nós, um dia comum, mas para os Estados Unidos e alguns países da Europa, dia 14 de Fevereiro é Valentine’s Day (Dia de São Valentim). É uma data comemorativa na qual se celebra a união amorosa entre os casais, o que nós conhecemos como Dia dos Namorados.

Pois é, a essa hora  restaurantes e motéis de várias partes do mundo estão lotados de casais apaixonados, trocando cartões, chocolates, presentes, promessas, juras eternas de amor, lingeries e orgasmos.

Confesso que sempre encarei o Dia dos Namorados mais como uma data comercial do que outra coisa, e não deixa de ser. Mas, um pouco de romanstismo de vez em quando é bom, né? E ninguém pode negar que, comercial ou não, esse dia tem seu encanto e beleza.

O que me surpreende é o fato de eu nunca ter parado para pensar na origem dessa data, até agora. Resolvi pesquisar e acabei descobrindo algumas versões, mas ao que tudo indica, ninguém sabe ao certo qual delas é a verdadeira.

Especula-se que São Valentim tenha sido um bispo romano que ajudava a unir casais secretamente, até ser descoberto e condenado à morte. Antes de morrer, conheceu uma jovem cega, por quem se apaixonou e foi correspondido, logo depois, ela  recuperou a visão milagrosamente. Segundo os registros históricos, São Valentim foi decapitado em 14 de Fevereiro de 270 d.C.

Nos países do Hemisfério Norte o amor é celebrado neste dia em homenagem a São Valentim. Já no Brasil a data é comemorada no dia 12 de junho, como sabemos, por ser véspera do dia 13, Dia de Santo Antônio, santo português com tradição de casamenteiro.

Beta também é cultura, viu? Não parece, mas é. É que, de vez em quando, baixa um santo muito culto em mim: o Santo Google! Sou devota assumida… :-p

Por um mundo mais cheio de amor, vamos comemorar hoje, no dia 12 de junho, amanhã, depois e sempre. Felizmente não dependemos de datas comemorativas, que acontecem anulamente, para lembrar o quanto é gostoso e saudável amar.

É só dar mais um pouco mais de atenção à suas mãos entrelaçadas às mãos dele(a), aos beijos apaixonados no escuro do cinema, aos sussuros ao pé do ouvido, aos olhares que confidenciam, ao abraço inesperado no meio de uma noite de sono, às palavras doces que você ouve dela(e) quando menos espera, às demonstrações de afeto que dispensam palavras, aos sonhos compartilhados, à cumplicidade no momento mais delicado, ao companheirismo nos momentos mais importantes, à presença mesmo que na ausência, à existência de alguém disposto a viver a sua vida, e a deixar você viver a dele(a) também.

E mesmo se não tiver comemoração hoje, amanhã ou depois, simplesmente…

“…Jogue suas mãos para o céu
E agradeça se acaso tiver
Alguem que você gostaria que
estivesse sempre com você
Na rua, na chuva, na fazenda
Ou numa casinha de sapê…”

Às vezes, só isso basta.

Roberta Simoni

Meu “Eu Sabotador”

Paçoca

Hoje eu me peguei numa trairagem inacreditável, digna de divórcio, isso se fosse possível me separar de mim mesma, é claro. Até que, de vez em quando, não seria nada mal, viu? Só assim eu teria uma folga da minha picaretagem. Traíra, infiel, malandra, pensa que é esperta, “se acha a última bolacha do pacote”, tsc tsc tsc…

A pessoa se vê – em plena dieta – com desejo de comer paçoca (logo paçoca? isso normalmente acontece com chocolate…). O que ela faz? Vai lá e compra, sem pensar duas vezes. Não satisfeita compra logo o pacotinho com cinco paçocas… êpa, como assim, e a dieta? Abstrai…

Cheguei em casa e caí de boca na paçoca… nham nham! Só depois que fui olhar aquela porcaria de tabela com informações nutricionais que tem atrás de todo produto comestível, que só falta dizer para você – “Não me coma, aliás, não coma nada, tudo engorda, até o ar, respirar engorda, viver engorda, existir engorda…”

E o pior é que eu peguei a mania chata de consultar essas tabelinhas medonhas. Vou me tratar, juro. Preciso parar com isso, senão eu piro de vez. Já tenho tantos defeitos, se eu resolvo me transformar num projeto-de-natureba-neurótica-diet-chata-zero-caloria, ninguém me aguenta. Sem contar que isso é tortura, e gostar de sofrer não é muito a minha praia.

Bom, voltemos à paçoca… estava escrito lá na tabelinha: 142 kcal por porção!!!!!!!!!!!! Meeeuuu Deuuuusooo, como assim????? Um trocinho daquele, tão pequeno, aparentemente tão inofensivo, com três dígitos calóricos? Não pode, tá errado! Mas, não estava, eu me certifiquei.

Foi aí que entrou em cena o meu “eu sabotador”, que teve a brilhante idéia de esconder o pacotinho com o restante dos pequenos e monstruosos doces de mim.

Segundo ele, o ideal seria manter aquela tentação fora do meu alcance, e bem longe do meu campo de visão. Assim eu me esqueceria da sua existência e, com sorte, se os doces ficassem bem escondidos, eu não conseguiria encontrá-los depois, pois não lembraria onde os guardei. É, ele me conhece bem, sabe que se trata de uma pessoa com DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção).

No dia seguinte, adivinhe só, acabei de almoçar, e do que lembrei instantaneamente? Bingo! As malditas paçoquinhas. Nem pestanejei, fui direto ao esconderijo e devorei mais uma. Fui lá, peguei os benditos (malditos?) doces e mudei de lugar, mas não adiantou, encontrei de novo, e de novo. O meu “eu sabotador” fez questão de registrar milimétricamente minhas estratégias de esconderijo, filho da mãe inútil.

Agora, a caneta que eu rodo a casa inteira procurando, e só depois que desisto e pego outra para usar, aparece enrolada num coque no meu cabelo; os óculos que somem até eu descobrir que já estão – literalmente – diante dos meus olhos; a chave que some num fundo falso e desconhecido da minha bolsa na hora que eu preciso sair; o cartão do banco que desaparece para me fazer pensar que fui roubada e bloqueá-lo, para só depois ressurgir das cinzas, ahhh…nada disso o meu cérebro registra, é óbvio.

Não, eu gosto mesmo é de me sabotar, ordinária! Afinal, lembrar aonde está uma paçoquinha de 142 kcal é infinitamente mais importante do que qualquer outra coisa, eu sei.

Roberta Simoni

Como explicar?

Eu não sei explicar. E são tantas as coisas que eu não sei explicar, que mal sei por onde começar. Mas, vou tentar…

Vou começar por um fato que aconteceu essa semana, no supermercado. Meu alvo: o empacotador de compras. 

Lá estava ele, quieto, distraído empacotando as compras da senhora à minha frente. E eu, na fila, impaciente com a demora, como sempre. De repente, parei e comecei a prestar atenção na moça do caixa e nele, trabalhando feito máquinas. Mas, alguma coisa naquele rapaz me chamou a atenção. Não, ele não era bonito, nem charmoso. E o que eu senti não foi atração…

Nem foi pena também. Eu sei que sentir pena é feio, mas eu sinto mesmo assim. Não é de propósito, nem porque eu acho legal ter pena de alguém, mas eu sinto ué. E, às vezes, sinto pena de gente que as pessoas não sentem, e nem sempre sinto de quem as pessoas consideram dignas de pena. Vai entender…

Vejo algumas pessoas que tenho vontade de botar no colo, de proteger, de levar para casa, tenho vontade ajudá-las a perceber o quanto são especiais, e isso não é, necessariamente, ter pena delas. É como se eu identificasse algo de muito positivo nelas, e quisesse tê-las por perto, mesmo sem nada saber a seu respeito.

Eu sei que não se deve julgar o livro pela capa, e por mais que pareça, não acho que seja exatamente isso que eu faça nessas circunstâncias. É como se – além da aparência – eu pudesse enxergar a aura de algumas pessoas, e quando o que vejo/sinto é bom, o efeito é sempre esse: vontade de fazer alguma coisa de boa por elas.

Foi assim com o empacotador essa semana. Ele tinha uma expressão tão serena, uma luz tão forte, tão boa, no entanto, parecia ser tão frágil, tinha um olhar tão distante, tão perdido. Era tão triste.

Pessoas assim me emocionam, sem querer, sem ter um por quê. Essas que normalmente passam batidas na multidão, que estão sempre no canto de algum lugar, escondidas, quase apagadas, como se fossem invisíveis aos nossos olhos que, com o tempo, ficam limitados, passam a observar só o que nos desperta atenção e interesse. É assim que coisas e pessoas aparentemente comuns – porém interessantíssimas, e com uma história de vida mais interessante ainda – passam por nossas vidas sem serem notadas.

Queria poder dizer à elas que eu as vejo, e, de vez em quando, consigo até enxergar nelas o que para a maioria passa despercebido. Por vezes sinto suas dores, e suas alegrias.

Mas meu atrevimento tem limite, e, na maioria das vezes, me contento – um tanto quanto descontente – a dar-lhes apenas o meu sorriso. O meu melhor e mais verdadeiro sorriso.

Não se preocupem. Eu não espero que vocês entendam meus devaneios, é claro. Até porque isso parece papo de bêbado, eu sei. E também acho enigmático demais. Mas eu sinto, só sei que sinto.

Roberta Simoni

Obrigada Fal…

Minúscilos Assassinatos e Alguns Copos de Leite

Eu sinto uma espécie de gratidão pelos escritores dos livros que leio, quase sempre é assim. A não ser quando largo a leitura pela metade, ou até mesmo quando estou quase no fim do livro e sequer fico curiosa para saber o que acontece no final, e o lanço em algum canto da casa até ficar esquecido e empoeirado. Normalmente, quando isso acontece, é porque eu me esforcei o bastante para entender, sentir ou gostar do livro, absolutamente em vão, e então eu o abandono, sem o menor peso na consciência. Felizmente isso é coisa rara de acontecer.

E com a as palavras da Fal Azevedo não poderia ser assim, impossível. Quando comecei a me envolver com o livro Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos de Leite, logo de cara, li até a metade, e quando percebi que só faltava a outra metade para acabar, resolvi parar.

Parei porque estava bom demais e eu não queria que acabasse tão rápido. É como um momento de felicidade que a gente sabe que não vai durar para sempre, e teme, fazendo de tudo para que se prolongue e dure o máximo de tempo possível. Besteira! Comecei a ler outros livros, mas não adiantou, eu já estava envolvida com o outro, e tive que voltar para os braços dele. Foi o que eu fiz. E foi muito bom enquanto durou.

A contracapa do livro diz que “Não é comum o surgimento de uma voz literária genuinamente única. Fal Azevedo é um desses casos raros.” Concordo absolutamente.

Mas quem sou eu para falar de Literatura? Uma simples leitora, expectadora dessa arte indescritível, assumidamente viciada nos últimos tempos, que hora anda com a cara enfiada em livros, hora escrevendo seus devaneios, quase incapaz de se aprofundar em qualquer uma dessas coisas, porque talvez tenha medo de saber demais, de aprender demais, e não saber o que fazer com tudo isso, com tanta informação, com tanto sentimento. Mas, ainda assim, se sente capaz de indicar a leitura dessa verdadeira obra literária, e indica de olhos fechados, sem medo de errar.

Numa dessas tardes chatas de domingo, enquanto o André estudava qualquer coisa no computador, eu me encontrava jogada no sofá, lendo o livro da Fal. Pelo menos era onde eu estava fisicamente, porque àquela altura eu já estava absolutamente inserida no contexto do livro, às vezes, às gargalhadas, outras vezes, porém, aos prantos. Que delícia!

Até que, depois de me ver chorar aos montes, André, me olhando assustado, comentou – “Nossa, esse livro é pesado, heim!”. E eu respondi – “Pelo contrário, ele é leve, mas profundo, e tudo que é profundo emociona muito e profundamente, mesmo que, aparentemente, seja algo tão simples.”

É assim que eu defino este livro. Ele é, ao mesmo tempo, arrebatador e delicioso.

E como eu poderia ser ingrata àqueles que me proporcionam tantas emoções? Tantas descobertas, revelações, tantas transformações… Certas leituras, assim como certas experiências, me transformam, me fazem experimentar sensações como se eu as tivesse vivendo. E tudo isso é tão divino.

Por isso, obrigada Fal, muito obrigada.

Roberta Simoni

Para obter mais informações sobre este livro, clique aqui.

Fragmentos dos últimos instantes

Preciso ver o mar. Eu não sei o que seria de mim sem você. Hoje não dá. Eu imagino. Não te disse? Preciso de um doce. Ela é a sua cara! Estou com dor de cabeça outra vez. Saúde! Cadê meu beijo? Que preguiça! Esqueci meu guarda-chuva. Eu vou conseguir. Poxa, não custa nada! Ficou perfeito. Isso só acontece no Brasil. Estou sem sono. Não aguento mais! Sem açúcar, por favor.

Que tal uma sobremesa? Sinto falta de um cachorro por perto. Preciso de sol. Como você consegue ser tão calmo? Posso te encaminhar meu currículo? Tô com saudades da minha família. Essa luz te favorece. Não, obrigada. Você não vai falar nada? Vai melhorar. Eu te avisei. Tudo isso é muito complexo. Tô com tesão. Concordo em gênero, número e grau. A conta, por favor.

Desculpa, eu não estava prestando atenção. Por favor. Perdi seu número de novo. Preciso de um chocolate. Chovendo outra vez? Sonhei com a minha irmã. Vamos à praia? Estou feliz por você. Fica pra póxima! Quero um abraço de cinco minutos. Fiquei presa no engarrafamento. Já estou pronta. Pode ser na semana que vem? Preciso viajar. Faz de novo? Não acredito! Por mim tanto faz. Não quero ir. Vou me atrasar.

Quero a minha mãe! Obrigada por tudo. Você tem razão. Quem te disse? Só quando eu estiver trabalhando. Acabou a água! Terminei de ler. Não quero fazer. Pode escolher. Me perdi! Você acha mesmo? Quero cafuné. Preciso de dinheiro. Cadê você? Eu não estou triste. Tô com fome. É complicado. Onde fica o banheiro? Você merece. Vamos embora? Achei muito caro.

Sinto muito. A-mi-ga, nem te conto! Quer ajuda? Entende? Vai ser bom para você. Era só o que me faltava. Fica para que lado? Me liga pela manhã. Não posso dar certeza. Tive pesadelo outra vez. Deixa eu cuidar de você? Só se for mais tarde. Me paga depois. Preciso dançar. Eu sei que engorda, mas eu quero mesmo assim. Tive uma ideia! Eu compreendo, claro.

Você não existe. Faz-me rir. A semana já acabou? Estou aqui para o que precisar. Não me dê ouvidos. É verdade. Nada ainda? Tenho direito! Não tenho dinheiro. Baratinho, né? Que delícia! Não precisa mesmo. A conta já chegou? Não quero fazer o jantar. Vamos comemorar! Queria que você estivesse aqui. Preciso dormir. De hoje não passa. Quanto custa? Eu te amo tanto, tanto…

Roberta Simoni

Mãe é mãe

Eu adoro as mães, são seres mágicos. Começando pela minha… mas quando eu paro para falar sobre essa criatura, haja adjetivos, lenços e babadores, me emociono e babo muito, muito mesmo. Sou filha coruja assumida.

Há alguns dias tentei consolar uma amiga, que é mãe de uma menininha linda, de pouco mais de 2 anos de vida. Ela estava com o coração partido em pedacinhos, pois voltaria a trabalhar e precisaria colocar a pequena na escolinha. E quem disse que ela conseguia? Teve pena de entregar a sua cria para o mundo, medo de deixá-la sem a proteção – incomparável – de mãe, e pânico de ficar sem a filhota por perto.

Apesar de ainda não ser mãe, eu posso calcular a aflição dela. Aliás, acredito muito nessa coisa toda de instinto materno, e tenho certeza que o tenho, ainda que eu não tenha experimentado “padecer no paraíso” como todas as mães. Por outro lado, canso de ver mulheres que colocam vários filhos no mundo e, ainda assim, o famoso instinto materno passa bem longe delas. Não adianta, esse não é o tipo de coisa que se aprende, ou você tem, ou não tem.

Tentei convencer a minha amiga de que seria bom para a menina, mostrei os pontos positivos, expliquei que a filha dela não era tão nova assim para começar a estudar, que ela não estava fazendo covardia nenhuma e que  não precisava se sentir tão mal assim. Eu sabia que isso não aliviaria a sua dor, mas já que era uma coisa inevitável, naquele momento, seria bom ajudá-la a enxergar o lado positivo.

No primeiro dia de aula, depois de se emocionar ao ver sua pequena de uniforme e tirar muitas fotos para registrar, ela e o marido a levaram à escola pela primeira vez. Ao chegar lá, ela sequer choramingou, e se despediu dos pais alegremente – “Tchau mamãe, tchau papai !!!”, no entanto, quem ficou aos prantos foi a minha amiga.

Eu não conheço, nem nunca ouvi falar num amor maior e mais sincero que o materno. Conheço, inclusive, mulheres que não são as melhores esposas, as melhores amigas, as melhores profissionais, as melhores filhas, mas, sem dúvidas, são as melhores mães do mundo para seus filhos.

Quando a mulher se torna mãe, ela nunca mais volta a ser a mesma. Pode até ser que os seios caiam, que o corpo dela mude,  e a sua vida provavelmente nunca mais será  como antes. Mas, certamente, ela fica mais iluminada e se torna uma pessoa melhor. Ela pode ser chata ou legal, antiquada ou moderninha, bonita ou feia, pode até exagerar na preocupação e nas reclamações, pode não acertar na educação sempre, e tem até direito a ser um pouquinho possessiva e ciumenta de vez em quando, mas vai ser sempre muito especial, afinal, tem bênção maior do que dar a vida a outro ser?

Em homenagem ao post maternal de hoje, escolhi um vídeo que mostra um pouquinho da série Mothern, exibido no GNT – que eu acho simplesmente o máximo – para nós nos deleitarmos e as mães se identificarem.

Roberta Simoni

Auto estima

No próximo mês vou ser madrinha de casamento de uma amiga queridíssima, e ontem foi o dia da maratona pelo vestido perfeito, ou quase perfeito, ou bonitinho, pelo menos. O que importava, na verdade, era voltar pra casa com um vestido no fim do dia.

Estava atormentada com a idéia de chegar perto da data do casamento e ainda não ter nada definido. Até dormindo eu ficava perturbada, o último pesadelo que tive foi que no dia do casamento eu chegava na igreja sem ter o que vestir, usando jeans. Eu sei que não é pra tanto, mas eu mereço um desconto, é a minha primeira vez como madrinha, fiquei eufórica, tensa, preocupada… afff, coisa de quem não tem mais com o que se preocupar mesmo, eu sei, eu sei…

E sabe que foi mais fácil do que eu pensei? Comprei o vestido na primeira loja que entrei, e o segundo que experimentei. Mas os méritos não são meus, foi tudo graças à Dani, minha amiga, que me levou no lugar certo e no dia certo (nos fins de semana você só consegue entrar na loja com senha, e olha que a loja é quase um mundo de tão grande!), além de tudo isso, foi ela quem olhou o vestido e falou: experimenta esse! Ela é boa!

Confesso que São Paulo dá um banho no Rio nesse quesito, e em alguns outros também… nunca encontraria uma loja desse porte lá. Sem falar nos restaurantes, ai ai… come-se bem aqui, viu? E engorda-se muito também, cruzes! :-/

Por essas e outras que eu não entro mais em algumas roupas que já sambaram dentro de mim, um dia, num passado distante, distante… e na hora de experimentar o vestido isso também contou, me senti uma princesa no primeiro que experimentei, ele era perfeito, mas não para o meu corpo. Quando me vi dentro dele, o espelho me disse: “Você está parecendo uma princesa, com um grande pneu, parecendo uma bóia ao redor da sua cintura, você vai a um casamento ou está se preparando para nadar?”

Eu poderia até usar uma cinta para disfarçar, ou então poderia praticar apnéia na hora de entrar na igreja, mas e depois? Imagina uma noite inteira numa festa prendendo a respiração, de barriga pra dentro? Na-na-ni-na-não !!!

O espelho estava certo. Acabei ficando com o segundo vestido, nada de princesa, nem de plebéia. Discreto e, acima de tudo, confortável, e, ainda assim, me sentindo linda.

Mais tarde, cheguei em casa, e abri um e-mail da minha irmã, que eu já conhecia, mas não me lembrava, e caiu feito uma luva:

“Um dia, a rosa encontrou a couve-flor e disse:
– Que petulância te chamarem de Flor! Veja sua pele: é áspera e rude, equanto a minha é lisa e sedosa… Veja seu cheiro: é desagradável e repulsivo, enquanto o meu perfume é sensual e envolvente…
Veja seu corpo: é grosseiro e feio, enquanto o meu é delicado e elegante…. Eu, sim, sou uma flor!
E a couve-flor respondeu:
– HELOOOOOUU, QUERIDAAAA!!! De quê adianta ser tão linda, se ninguém te come???”

AUTO ESTIMA É TUDO!

Roberta Simoni