Há mais de um mês, quando eu descobri que havia uma peça em cartaz sobre a Clarice Lispector no Rio de Janeiro, vibrei como se tivessem me dito: “Tá sabendo que a Clarice ressuscitou?”.
A partir desse dia comecei uma verdadeira peregrinação, que só foi findada ontem. O espetáculo que estava em cartaz no CCBB (Centro Cultural do Banco do Brasil), lugar que costumo dizer que é a minha segunda casa, mas, pensando bem, talvez seja a primeira, já que é um lugar que frequento com regularidade há muitos anos, ou seja, mais tempo do que me fixo em qualquer moradia… rs
O problema é que conseguir comprar um ingresso para assistir a peça parecia algo impossível, e sem que eu percebesse acabou virando meu objetivo de vida nas últimas semanas. Os ingressos antecipados estavam esgotados. Só comprando na hora. Ótimo… cheguei um pouco mais cedo e, adivinhem: esgotado também!
Tentei de novo, sem sucesso. Conversei com uma das atendentes e ela me aconselhou a chegar de manhã, antes de a bilheteria abrir, e avisou, se eximindo de qualquer responsabilidade: “Olha moça, mesmo assim, não garanto que você vá conseguir, viu? Boa sorte!”. Animador, não?!? Uau! Descobri que eu gosto mais dessa escritora do que eu supunha…
Antes de chegar a minha vez os ingressos já haviam acabado, claro. No dia seguinte, foi a vez da Srta Rosa enfrentar a fila e tentar comprar nossos ingressos. Afinal, amigos são para essas coisas. Mas ela também não conseguiu, apesar de ter tentado mais de uma vez.
A peça saiu de cartaz, nós ficamos a ver navios, choramingosas e inconsoláveis. Mas ainda havia esperanças para essas duas fãns inveteradas e insaciáveis de Lispector: começaria na próxima semana uma curta temporada, de apenas seis apresentações, no Teatro Odylo, na UERJ.
Chovia muito no Rio de Janeiro e depois de um dia de trabalho frenético, duas mulheres que andavam de salto alto, com passos apressados, entre guarda-chuvas, uma empada engolida às pressas que queimou a língua, ligações da chefe, na loucura do centro da cidade, dentro de um táxi, na hora do rush, as peregrinas estavam prestes a alcançar o cume, finalmente.
Não conseguimos os melhores lugares, mas conseguimos! Nós conseguimos!!! Também pudera, num teatro com mais de 1000 assentos, se não conseguíssemos dessa vez, poderíamos ir dali direito para uma benzedeira! Afe!
O espetáculo “Simplesmente eu. Clarice Lispector”, com o texto extraído de depoimentos, entrevistas, trechos das obras e correspondências de Clarice, adaptado para o teatro, interpretado e dirigido por Beth Goulart, fez valer a pena todo o caminho percorrido. Parecíamos maratonistas, satisfeitas por terem conseguido chegar ao fim do percurso, quando pensavam que não podiam mais…
Para quem também sente Lispector – sim, porque como todo leitor de Clarice sabe, ela não é para ser lida, e sim sentida -, hoje e amanhã (29 e 30 de outubro) são os últimos dias de apresentação da temporada carioca. Preciso dizer que recomendo?
Beth Goulart dá um show de interpretação, e atuar num monólogo não é pra qualquer mortal, não mesmo! Além disso, a iluminação e o figurino estão impecáveis!
Devo confessar que fiquei surpresa com a procura pela peça. Eu sabia que Clarice tinha uma legião de fãns, só não imaginava que fosse uma legião tão fiel e numerosa. Mas o meu espanto não durou mais do que alguns segundos, quando lembrei, no instante seguinte, que se tratava dela, daquela que não escrevia aquilo que queria, mas aquilo que era. E não é de se estranhar que o que ela era despertasse o encanto de tanta gente…
Roberta Simoni
Yay! E nós conseguimos amiga. Tomara que tenhamos sucesso también em outras empreitadas. Essa foi difícil mas veio com prêmio – e brinde, veja só! – no final. Yummy!
Beijo!
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Clarice é sublime, versaseira e densa!
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Ai, eu queria tantoooooooooooooooo ver!!! 🙂
viu a nova biografia dela? do americano?
mudando totalmente de assunto..rs.. queria saber que máquina fotográfica vc usa. Sempre vou lá no seu flickr e estou querendo comprar uma máquina nova (sempre brinquei de fotografar mas dei minha máquina (semi)profissional para a penitenciária.. hahaha.. sério…depois conto outro dia essa história), e estou totalmente por fora de câmeras! faz tanto tempo! acho suas imagens lindíssimas.
help me!
beijosssssssssssss
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Muito legal esse post. Há tempos queria ter mais informações sobre esse espetáculo. Será que chega em Maceió?? Acho que não, né?? rsrs
Parabéns!
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a vida de clarice dá qualquer coisa fora do comum né?
seus escritos então nem se fala.
bjs
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Eu assisti no CCBB, foi ótimo. Não tem como definir Clarice, Beth Goulart também estava fantástica!
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