Eu não sei se quem começou primeiro foi ela ou ele, mas eu também não sei se quem nasceu primeiro foi o ovo ou a galinha, nem nunca vou saber, ainda que existam tantas teorias, na prática, ninguém sabe. Eu arrisco dizer que foi o pinto, mas… vai saber?
Só o que eu sei é que um dia se apaixonaram. Namoraram de perto e de longe. Resistiram a distância dele vivendo um ano em Londres. Depois dela em Nova York. Se amaram nos lugares menos prováveis do mundo. Ficaram três dias trancados num quarto de hotel em Portugal, e acreditariam se qualquer um chegasse e dissesse pra eles que estavam, na verdade, em São Paulo ou em Bangladesh.
Sei também que um dia brigaram. Um não, vários. O amor que tinham era doce e se acabou. Ou, pelo menos, foi o que pensaram. Se separaram partilhando lembranças amargas. Tanta mágoa em vão. Não sabiam que o tempo tem memória seletiva e faz questão de guardar só o que foi bom.
Ela lembrou da bagagem que teve extraviada em Lisboa e achou graça vendo suas fotos da viagem, sempre vestida com a mesma roupa. Ele se pegou rindo, lembrando dela usando a camiseta dele por três dias seguidos. Ela sentiu saudades de acordar fazendo amor com ele. Ele se flagrou, de novo, comparando-a com as outras depois dela. Seres nostálgicos. Me disseram que eles se telefonam de vez em quando e assumem a saudade. Como se precisasse…
Sei que ele a esconde no fundo do armário. E dizem que ela o guarda até hoje na gaveta da cabeceira. Nunca se trancaram lá dentro, e fizeram questão de perder as chaves.
Roberta Simoni
Fado vem do latim fas, fatum, sinônimo de “destino”
😉
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Que linda imagem associada e que história nostálgica…parecem comigo, quando resolvo colocar pra fora lágrimas e fantasmas, em noite de lua minguante ou cheia, ou nova ou crescente…assim, que nem hoje… abraços!
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Eu chorei… me emocionei… fato!
Fato não… DESTINO! 😉
“Não sabiam que o tempo tem memória seletiva e faz questão de guardar só o que foi bom.”
Arrasou, Beta!!! Lindo post, linda história… rsrs
AMO!!!
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o q foi bom a gente não esquece…
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O problema de você continuar se superando nos textos é que faltam palavras para elogiar e comentar em cada um sem parecer repetitivo e banal. Como sempre, inspirador!
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Ô Isabela… muito obrigada, viu? Mesmo!
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