O dia em que minha inspiração saiu de férias…

1 mês sem publicar no blog. Eu sei, seu sei… vergonhoso. E olha que nem foi por falta de tempo como quase sempre acontece. Foi por falta de inspiração mesmo, o que, na minha opinião, é o pior motivo de todos.

Minha inspiração saiu de férias sem avisar e eu só fui dar conta disso nos dias que se seguiram, enquanto tentava – pela enésima vez – desenvolver um conto para um concurso que até hoje não saiu. O concurso sim, o conto não. Aproveitei a entressafra para transpirar, transpirar e transpirar…

Thomas Edison disse que a genialidade é 1% inspiração e 99% transpiração. Não sei se concordo com a porcentagem, mas estou certa de que uma não sobrevive sem a outra. Estou muito longe de ser genial na arte de escrever, mas toda vez que escrevo me sinto muito próxima da sensação de êxtase que nesses períodos de entressafra me faz uma falta danada.

A boa notícia é que com o passar do tempo o peso desaparece. Há alguns anos eu me desesperava todas as vezes que não conseguia criar qualquer coisa por falta de inspiração, seja na hora de pintar, escrever ou fotografar, e carregar esse peso era quase insuportável. Atualmente eu não crio só por meio da inspiração, apesar de poder contar com ela quase sempre, mas se ela não vem, fica tudo bem, a gente faz o que pode. Imaginem uma jornalista que só escreve quando está inspirada? Morre de fome.

Já no blog, onde não há deveres nem obrigações, tampouco uma relação de custo-benefício, eu optei por escrever em parceira com a inspiração, com o tempo livre e a disposição como colaboradores, mas que nem sempre chegam junto. E é por isso que eu vivo aparecendo e desaparecendo na janela…

Enquanto isso, no alto da minha montanha imaginária, eu aprendo a transpirar. Leio, penso e vivo. E prometo que volto logo. 😉

A visita de um beija-flor

beija flor

Era como se a inspiração tivesse passando por perto da minha casa e , como quem não quer nada, resolvesse passar para dar um “oi”, tomar um cafezinho e colocar as novidades em dia.

A inspiração, astuta, pensou: “talvez, se eu aparecer assim, ela não me note ou, se notar, provavelmente não me dê muita importância, como quase sempre, aliás”. Imaginou um jeito de se materializar de forma que não precisasse bater à porta para entrar, que não fosse preciso dizer nada, nem escutar também. Queria apenas passar espalhando graça e encanto.

Foi assim que, de repente, um beija-flor entrou pela porta da minha casa e começou a sobrevoar sobre a minha cabeça. Veio junto com os primeiros raios de sol da manhã, surgiu junto com a luz que começava a entrar pelas frestas das janelas.

Ficou aqui durante alguns minutos, batendo suas asas ferozmente de um canto para outro da sala, fiquei hipnotizada, tentando acompanhar seus movimentos. Foi só quando ele pousou numa das hélices do ventilador de teto que consegui enxergar sua beleza.

Nunca havia visto tão de perto a graciosidade de um beija-flor e fiquei em total estado de graça. Lembrei daquela música que diz mais ou menos assim: “Não se admire se um dia, um beija-flor invadir a porta da sua casa, lhe der um beijo e partir, fui eu que mandei o beijo…”. Fiquei esperando pelo beijo e imaginando quem poderia tê-lo mandado…

Depois finalmente me pus a raciocinar e deduzi que ele não tinha a intenção de estar aqui, tampouco de me beijar, afinal ele só beija flores. Devia estar desorientado e assustado, procurando a saída… então escancarei a porta por onde ele entrou e abri todas as janelas para ele poder sair, mas ele não foi. Fiz movimentos para indicar as saídas, mas ele não foi. Conversei com ele, expliquei que podia ir. Mas ele não foi.

Pousou numa estante mais baixa e deixou que eu me aproximasse. De perto ele era ainda mais lindo. Senti vontade de ser sua amiga, ou amante, de convidá-lo para morar comigo, ou para passar uns tempos, quem sabe… conversei carinhosamente com ele, disse que era bem-vindo, mas não demorou muito para eu me tocar que se tratava de um pássaro.

E pássaros são livres. Livres como eu gostaria de ser. E voam como eu gostaria de voar. Então, pensei se talvez eu não podia ir embora com ele. Mas minhas asas só me permitem voar aqui dentro de mim. E ele, bom… ele tem o céu, as nuvens, as árvores, o vento, ele mora mais perto do sol e da luz. Ele tem o mundo.

Depois de muito tempo voando aqui dentro de casa, ele cansou. Devia saber que já havia conseguido voar dentro de mim. Deixou, então, que eu o pegasse, levasse para fora e o colocasse no galho de uma planta, até que recuperasse o fôlego e pudesse voar rumo ao infinito. E assim ele fez. Nos despedimos com saudades, mas sem beijos.

Pode ter sido só um beija-flor desavisado que entrou aqui por acaso, mas pode ter sido a saudade de alguém, ou a inspiração que veio me visitar, decidida a ser notada e sentida. E foi.

Roberta Simoni

Inspiração

Inspirar-se

Na semana passada dei um pequeno depoimento para um documentário que fala sobre Inspiração. Falo tanto nela, mas nunca havia parado para pensar a respeito. De repente me vi falando: “Inspiração é tudo o que me move e movimenta a minha vida. Se não houver inspiração, não existe sentido. Inspiração, pra mim, é tudo.”

Desde então essa frase ficou ecoando na minha cabeça: “Inspiração, pra mim, é tudo.”… e não é que é mesmo?

O que me inspira? – perguntei e respondi ao mesmo tempo – Coisas simples me inspiram, não preciso de muito. Na verdade, acho que minhas fontes de inspiração vem de coisas que costumam passar batidas na vida de muita gente. Uma ligação inesperada me inspira; uma demonstração de afeto; receber e escrever uma carta de papel à moda antiga, com o cheiro da tinta da caneta me inspira. Lugares, cheiros, lembranças, pessoas… o que mais? … já sei! Comer um pedaço de chocolate no meio de uma dieta me inspira para o resto da semana…

A inspiração está diretamente vinculada a absolutamente tudo o que me dá prazer. Escrever e fotografar, por exemplo. Fico imaginando como seria interessante se outras coisas que preciso fazer constantemente me inspirassem: acordar, estudar, cozinhar, limpar a casa, e várias outras coisas que não consigo lembrar agora, mas, certamente a lista é grande…

Pensando a respeito, eu não sei o que seria da vida de qualquer um de nós sem inspiração. Independente do que nos inspire, seja inspiração visual ou sensorial, não dá para viver sem. Inspirar é mais do que “um método de introduzir o ar atmosférico nos pulmões por meio dos movimentos do tórax”… é fôlego de vida. É tudo o que causa entusiasmo, tudo aquilo que nos impulsiona para frente, que enche o nosso pulmão de ar e o espírito de ânimo, ainda que, às vezes, isso se resuma apenas num pequeno pedaço de chocolate.

Isso me fez lembrar de uma cirurgia de garganta que me submeti alguns anos atrás, que me obrigou a ficar tomando água apenas com aqueles “conta-gotas” durante, pelo menos, uma semana. Eu morria de sede. Lembro perfeitamente do dia em que consegui virar um copo inteiro de água garganta abaixo depois da cirurgia. Foi uma sensação indescritível. Cheguei a me emocionar ao sentir a água invadindo a minha boca feito uma onda e sendo engolida por minha garganta.

E o que isso tem a ver com inspiração? Tudo. Absolutamente tudo.

A inspiração provoca o mesmo tipo de sensação, que te invade, te eleva, te dá prazer e tira os seus pés do chão, ainda que isso pareça a coisa mais corriqueira do mundo para qualquer pessoa, menos para você. Só você sabe, sente e goza daquele prazer exclusivo.

Músicas, melodias, poesias, paladares, aromas, palavras, sentimentos, paisagens também provocam orgasmos. E eu ainda não conheço nada mais inspirador que isso…

E você? O que te inspira?

Roberta Simoni

Respeitável Público…

Fico tantos dias numa escassez de inspiração para escrever, e de repente, quando a dita cuja chega, não quer mais ir embora. Comecei ontem a escrever um texto que, entre uma lágrima emocionada e outra, acabou virando um testamento, e me rendeu horas a fio em frente ao computador. Apesar de ter gostado, eu decidi não publicar, pelo menos por enquanto. Achei o texto longo demais, e mesmo que eu não tenha ficado com a impressão de estar maçante ou cansativo, ninguém entra num blog disposto a ter uma leitura prolongada. Se fosse o caso, vocês não estariam aqui, e sim, lendo um livro, por exemplo. De todo jeito, vou pensar no caso, com carinho.

Felizmente estou tendo uma resposta muito positiva com o blog, e agradeço pelos comentários repletos de carinho e entusiasmo dos amigos, que nem preciso pedir que visitem o site (porque não há nada como a opinião sincera deles), quando vejo, já estão me ligando, mandando e-mails ou mensagens. Os mais empolgados chegam a me pedir para escrever um livro, e o que é pior: eles falam sério.

Ok, eu até tenho vontade de escrever um livro um dia, já até comecei alguns projetos que ficaram inacabados, mas ainda não acho que eu esteja pronta. Vamos aos poucos, por enquanto o blog me sacia. Quem sabe um dia?

Não posso deixar de falar também sobre os novos amigos blogueiros que tenho feito aqui. Entre um blog e outro, descobri pessoas encantadoras, que escrevem impecavelmente bem, e já se tornaram leitura obrigatória entre os meus favoritos.

Aos leitores que chegam aqui sem querer e acabam frequentado, sejam bem-vindos (ou seria “benvindos”? Ai ai ai, Reforma Ortográfica do $#%!”*&¨@%#!) e voltem sempre, a casa é de vocês também. E, finalmente, aos que me conhecem, já descobriram esta página e ficaram eufóricos com a idéia de saber um pouco mais sobre a minha vida, só pelo costume de fuxicar a vida alheia, tenho uma má notícia: meu blog não é um diário. Não esperem encontrar detalhes da minha rotina ou da minha vida pessoal. O que pode acontecer, no máximo, é que vocês terão a oportunidade de me conhecer melhor, e saberão o que penso, sinto e o que tem me inspirado. Depois disso, poderão tirar conclusões sobre a minha pessoa, o que, na realidade, não importa. É costume mesmo do ser humano tirar conclusões precipitadas das coisas e das pessoas das quais nada sabem a respeito, por isso, sintam-se em casa, de qualquer jeito.

Ainda me sinto insegura para tratar de alguns temas e escrever sobre determinados assuntos, e espero que tenham piedade desta criatura que vos escreve se a coisa não desenrolar ou se eu me perder no meio de um raciocínio, ou do caminho. Depois de tanto tempo sem ter um blog, talvez eu tenha perdido um pouco o jeito, mas eu reaprendo rápido. Da mesma forma que me redescubro o tempo inteiro.

Boa Leitura !!!

Roberta Simoni

Fazendo as pazes com as palavras

Doidas e SantasComeço meu texto agradecendo à Martha Medeiros, que através de suas deliciosas crônicas me fez voltar a sentir entusiasmo para escrever, depois de ler – na verdade devorar – o seu livro “Doidas e Santas” em algumas horas.

Sempre tive uma relação muito cordial e saudável com as palavras, tantas as escritas quanto as lidas, a não ser, é claro, na época da escola, onde quase tudo (leituras, estudos, pesquisas) era feito por obrigação, pelo menos no meu caso, que nunca fui lá uma aluna muito aplicada. Mas, credito à criação dos blogs o fato de ter me aproximado ainda mais das palavras.

Há mais ou menos uns 7 anos quando criei meu primeiro blog, repleto de inutilidades e, provavelmente, infantilidades, passava horas a fio escrevendo nele, e não sentia o tempo passar. O fato de poder dividir minhas idéias, opiniões, devaneios e sentimentos com outras pessoas que, na maioria das vezes eu sequer conhecia, me entusiasmava. Ler suas opiniões a cerca dos temas que eu escrevia, normalmente relatos do meu cotidiano, era muito interessante. Era como escrever um livro e interagir com o leitor. Facetas do mundo virtual…

De lá para cá, vários blogs foram criados, recriados e abandonados, cada um por um momento ou circunstância diferente, e a vontade de escrever ainda lá, latente, porém dormente.

Hoje, escrever deixou de ser hobbie para se tornar profissão, função, obrigação. Olha ela aí de novo: a obrigação. Talvez essa palavrinha mágica justifique a minha tentativa de fuga do mundo das palavras.

Agora, cá entre nós, é um despeito uma jornalista se dar ao desfrute de escrever apenas para viver. Isso desmoraliza a nossa classe. Mas espero ser perdoada, agora que esse tempo já passou, e eu finalmente fiz as pazes com as palavras.

Roberta Simoni