Eu sou uma exímia consumidora, quase sempre… algumas vezes – confesso – eu dou uma de “joão sem braço” e compro mais do que, de fato, preciso. Tipo aquela blusinha vermelha liiiinda de frio que eu estou precisando tanto e que está suuuuuuper baratinha naquela loja que eu adóóóóóro, que acaba indo para a sacola acompanhada daquela outra camisetinha azul que está uma graça e com um preço imperdível.
Mas esse é o meu limite de extravagância: precisar da blusa de frio vermelha e acabar levando a camisetinha azul para casa também. Mesmo assim, antes de comprar eu faço as contas e vejo se vai dar para pagar. Se der, eu me permito, se não, é só sentar e esperar a vontade passar.
Fora os chocolates – que consumo de maneira desregrada quase sempre – e esses pequenos deslizes esporádicos, sou uma consumidora exemplar. Por isso, gostaria de ser consumida da mesma maneira. Seja por pessoas, tarefas ou, principalmente, por sentimentos. Eu explico:
Sabe aquelas pessoas que te sugam com um canudo como se você fosse a última gota de coca-cola da latinha? Pois então, essas pessoas são capazes de fazer isso de maneiras adversas: algumas sugam a sua energia só pelo simples fato de existirem, outras por falarem demais, por cobrarem demais ou por fazerem de menos. Ainda existem aquelas que abusam da sua boa vontade e te sugam por todos os seus poros, te explorando o quanto podem. Essas são só algumas formas de ser consumido por alguém.
Tarefas que te consomem são aquelas que roubam todo o seu tempo contra a sua vontade e te irritam e estressam profundamente. Mas os sentimentos… ah, esses são mais do que meros consumidores de você, eles são consumistas.
Sentimento brando é carinho, ternura, fé, tranquilidade, serenidade, sobriedade, por exemplo. Esses são sentimentos (ou sensações) que não te tiram de órbita, ao contrário, te colocam no eixo. Mas aí, de repente, você é consumido por uma ansiedade, por um tédio, um ódio ou uma paixão que te sugam e te deixam imune.
E se sua imunidade fica baixa, você inevitavelmente acaba caindo doente. Doente de quê? Você pensa que é febre, virose, resfriado, mas, que nada… você está doente de ansiedade, de amor, de ódio, de tédio, de paixão ou até mesmo de saudade. Sinto lhe informar que a doença física foi apenas a última coisa que você desenvolveu.
Eu estou para a ansiedade como o chocolate está para mim. E acho que a ansiedade realmente me venera, adora e me deseja com urgência, por isso me consome tanto.
A ansiedade faz comigo algo bem parecido que já fiz com o amor: bebi até a última gota, depois ainda virei o copo no alto, na direção da minha boca aberta, com a ponta da língua para fora, na esperança de cair aquela última gotinha que não mata a sede, mas me dá a sensação de não ter desperdiçado nada.
O problema é que, de certa forma, a gente escolhe o que quer consumir, mas não é sempre que dá para escolher o que – ou quem – consome a gente. Mesmo assim, eu insisto aos consumistas: consumam-me com moderação! 😉
Roberta Simoni
Créditos: Foto de Antonella Pugliese – uma das minhas fotógrafas favoritas.
Eu acho que a gente consegue controlar quem nos consome. Às vezes pode ser mal-educado, mas funciona.
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ihhh essa coisa de moderação é complicada
porque quando a gente vê, já era!!!
mas claro, estou falando de mim mesma.
quanto aos outros, acho ainda mais complicado controlar.
por isso boa sorte, que teus consumidores te respeitem! 😀
beiju grande!
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Aii, complicado isso…nunca tinha me tocado muito nessa idéia dos que te consomem, nem do quanto nós consumimos aqueles a nossa volta. As vezes me sinto exaurida, seca, como se tivessem realmente sugado todo o meu conteúdo. Sou professora e alguns alunos me deixam dessa forma, mas nesse caso, é minha energia que eles levam. Já meus sentimentos, bem, mais complicado né? Acho q quando temos uma briga daquelas, quando insinuam coisas a nosso respeito injustamente, isso me esvazia, me sinto a garrafa se espremendo para a boca aberta, na esperança de a última gota saciar o que se deseja…odeio me sentir assim!
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E se eu disser que adoro consumir tudo o que aparece nessa janela?
Um beijo com saudade!
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Nos últimos tempos é a saudade que me consome.
O trabalho, que tem se tornado estressante e desgastante, mas desse eu sei como me esquivar, sei onde posso recarregar a pilha.
E da saudade, como faz pra fugir?
Belo texto como sempre…
Bjinho.
PS: Tudo se colocando em ordem? Boa sorte.
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