Eu não sei explicar. E são tantas as coisas que eu não sei explicar, que mal sei por onde começar. Mas, vou tentar…
Vou começar por um fato que aconteceu essa semana, no supermercado. Meu alvo: o empacotador de compras.
Lá estava ele, quieto, distraído empacotando as compras da senhora à minha frente. E eu, na fila, impaciente com a demora, como sempre. De repente, parei e comecei a prestar atenção na moça do caixa e nele, trabalhando feito máquinas. Mas, alguma coisa naquele rapaz me chamou a atenção. Não, ele não era bonito, nem charmoso. E o que eu senti não foi atração…
Nem foi pena também. Eu sei que sentir pena é feio, mas eu sinto mesmo assim. Não é de propósito, nem porque eu acho legal ter pena de alguém, mas eu sinto ué. E, às vezes, sinto pena de gente que as pessoas não sentem, e nem sempre sinto de quem as pessoas consideram dignas de pena. Vai entender…
Vejo algumas pessoas que tenho vontade de botar no colo, de proteger, de levar para casa, tenho vontade ajudá-las a perceber o quanto são especiais, e isso não é, necessariamente, ter pena delas. É como se eu identificasse algo de muito positivo nelas, e quisesse tê-las por perto, mesmo sem nada saber a seu respeito.
Eu sei que não se deve julgar o livro pela capa, e por mais que pareça, não acho que seja exatamente isso que eu faça nessas circunstâncias. É como se – além da aparência – eu pudesse enxergar a aura de algumas pessoas, e quando o que vejo/sinto é bom, o efeito é sempre esse: vontade de fazer alguma coisa de boa por elas.
Foi assim com o empacotador essa semana. Ele tinha uma expressão tão serena, uma luz tão forte, tão boa, no entanto, parecia ser tão frágil, tinha um olhar tão distante, tão perdido. Era tão triste.
Pessoas assim me emocionam, sem querer, sem ter um por quê. Essas que normalmente passam batidas na multidão, que estão sempre no canto de algum lugar, escondidas, quase apagadas, como se fossem invisíveis aos nossos olhos que, com o tempo, ficam limitados, passam a observar só o que nos desperta atenção e interesse. É assim que coisas e pessoas aparentemente comuns – porém interessantíssimas, e com uma história de vida mais interessante ainda – passam por nossas vidas sem serem notadas.
Queria poder dizer à elas que eu as vejo, e, de vez em quando, consigo até enxergar nelas o que para a maioria passa despercebido. Por vezes sinto suas dores, e suas alegrias.
Mas meu atrevimento tem limite, e, na maioria das vezes, me contento – um tanto quanto descontente – a dar-lhes apenas o meu sorriso. O meu melhor e mais verdadeiro sorriso.
Não se preocupem. Eu não espero que vocês entendam meus devaneios, é claro. Até porque isso parece papo de bêbado, eu sei. E também acho enigmático demais. Mas eu sinto, só sei que sinto.
Roberta Simoni
Aí ainda tem empacotador??? Genteee faz anos que não vejo! Achei que fosse profissão extinta! Eu gostava deles!
Da próxima vez, pergunta se está td bem! Já funciona como um: “alguém se importa com vc”!!
Beijos
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Sabe que passo por isso em alguns momentos, mas nunca parei pra pensar. A resposta geralmente é a mesma, sorriso e aquela balançada de cabeça como se diz: ‘tudo beleza?’ ou ‘a vida é foda né, mas vamos levando’.
Sentir pena é algo humano, mas o que dói mais é ver as pessoas que você gosta indo por caminhos tortos, mesmo avisados e você saber, no fundo, que nada pode fazer a respeito.
Bom, coisas da vida.
Bjos…
Parabéns sempre pela excelente expressão no devaneio.
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Amiga, não havia lido esse texto antes…
Fiquei emocionada, por que muuuuuitas vezes passo pelo mesmo 😦
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